se tu quiseres, amor
fecho os olhos loucos
aos dias sombrios
à incompreensão
ao desencanto
à inquietação.
nada me fará confusão.
nada ouvirei e
da minha voz
um só som ao respirar
um só coração a latejar.
não haverá canto
ou sereias que me desviem
desse destino
neste caminho
ao teu encontro
com carinho
mesmo que pareça ilusão.
se tu quiseres
voltarei ao tempo esquecido
como se fosse ontem
e recomeçarei meus passos
com mãos estendidas
ao teu abraço.
se tu quiseres
serás de novo meu porto
meus cais
meu mundo ancorado
minha estrela
na tarde começada
como se o princípio do mundo
fosse a luz que me guia.
se tu quiseres, amor
faço deste dia interminável
o dia do nosso esplendor.
"Cada segredo da alma de um escritor, cada experiência de sua vida, cada qualidade de sua mente está escrito em suas obras." - Virgínia Woolf.
“Ou escreves algo que valha a pena ler ou fazes algo acerca do qual valha a pena escrever.” | Benjamin Franklin
terça-feira, 30 de novembro de 2021
segunda-feira, 29 de novembro de 2021
luz
dorme a cidade
e as nuvens escuras
deslizam suavemente
sobre os sentidos.
espreita a lua
as almas adormecidas
por entre a paixão
solitária
sem outra razão
que não, a certeza
do equilíbrio da matéria.
ruas vazias
e pouca iluminação
artifício
moderno duma civilização
aguardam o tráfego
desgastante
do dia-a-dia.
amanhã haverá outra luz
que a tudo nos conduz...
domingo, 28 de novembro de 2021
ecos
dobram-se ao tempo
ao vento
o estado de espírito
o pensamento
recordações
remanescentes
ecos distantes
de sonhos
que seriam da vida
alimento.
sábado, 27 de novembro de 2021
corpo presente
pedi-te um sorriso
sob todos os ângulos
para ver uma imagem
multiplicada
em espelhos e planos e
da profunda visão
reflectida
veio-me a cristalina
certeza
melhor fora
a física aproximação.
sob todos os ângulos
para ver uma imagem
multiplicada
em espelhos e planos e
da profunda visão
reflectida
veio-me a cristalina
certeza
melhor fora
a física aproximação.
sexta-feira, 26 de novembro de 2021
esta nossa casa
onde já se não brinca
com bolas de sabão
na mágica descoberta
dum Universo em expansão.
esta nossa casa
onde o riso duma criança
se perdeu
e a memória se desvaneceu
como se o Mundo fosse um pião
lançado em rodopio
tão velho como qualquer ex-campeão
já cansado
de contemplar a sua destruição.
esta nossa casa
escureceu
pelas minhas e outra mãos e
a criança que fui
deixou de ser
onde tudo era inocência e criação.
e que a corda enrolada desse pião
mais parecia uma lança
a conquistar um coração.
mas se tu quiseres
- certo, amor?
na hora que chegar
voltarei a brincar
e lançarei os dados
sem nada ter a ganhar.
deitarei à sorte e esquecerei
que o nosso Mundo
deu um trambolhão.
esta nossa e velha casa
ainda não caiu
mas cada mais
a vejo mais pequena...
com pena.
quinta-feira, 25 de novembro de 2021
Sina na mão
As linhas traçadas na palma da mão
são brancas
como asas abertas do teu coração.
Leio-as - ou talvez não.
Tocá-las-ei por dentro
à luz do dia quando o sol brilha
e a transparência dos teus olhos
me digam se são verdadeiras
ou não.
são brancas
como asas abertas do teu coração.
Leio-as - ou talvez não.
Tocá-las-ei por dentro
à luz do dia quando o sol brilha
e a transparência dos teus olhos
me digam se são verdadeiras
ou não.
e, à noite, levo-as presas
para com elas sonhar, mesmo
não sabendo o que são.
terça-feira, 23 de novembro de 2021
marés
difícil este mar enigmático
sem se revelar
esta bruma da manhã
sem levantar
que não deixa o olhar poisar.
o primeiro amor
a primeira ilha
a floresta virgem
e a frescura
num corpo desenhado
sem dor
e a memória etérea
que já foi
embarcada em mistério
por esses mares nunca
nunca alcançados.
sem se revelar
esta bruma da manhã
sem levantar
que não deixa o olhar poisar.
o primeiro amor
a primeira ilha
a floresta virgem
e a frescura
num corpo desenhado
sem dor
e a memória etérea
que já foi
embarcada em mistério
por esses mares nunca
nunca alcançados.
domingo, 21 de novembro de 2021
A fome
Adeus Maria
Que eu vou p'ró mar
Que eu vou p'ró mar
Buscar sardinha
P'ra seres rainha
Ela é fresquinha
É como a prata
Não tenhas medo
Que o mar não mata.
Ela é fresquinha
É como a prata
Não tenhas medo
Que o mar não mata.
(popular - exerto)
- Não vás ao mar
esta manhã não vás ao mar
filho
ele está bravo
e pode-te apanhar
e eu aqui fico
sozinha
a lamentar
ter-te deixado
ganhar o pão
para nos sustentar!
- Olha lá, mãe
não tenhas medo
de quem
de braços abertos
nos recebe
como ninguém;
o mar não mata
a fome é que mata
nesta desgraça
que nos sustem!
(Integral)
Não vás ao mar, Tónho
Está o mar ruim, Tónho
Se vais ao mar
Fico sem ti, Tónho
Ai Tónho, Tónho
Tão mal estimado és
Ai Tónho, Tónho
Nem umas meias tens p'rós pés
Adeus Maria
Que eu vou p'ró mar
Buscar sardinha
P'ra seres rainha
Ela é fresquinha
É como a prata
Não tenhas medo
Que o mar não mata
Tem dó de mim, Tónho
Não sejas mau, Tónho
Não irás mais, Tónho
Não irás mais
P'ró catatau, Tónho
Olha p'ró mar, Tónho
P'ronde é que vais, Tónho
P'ronde é que vais
Tás'ma matar, Tónho
Não posso mais, Tónho
Ai Tónho, Tónho
Tão mal estimado és
Ai Tónho, Tónho
Nem umas meias tens p'rós pés.
terça-feira, 16 de novembro de 2021
novembro
foto do autor
são perfumes na tua mão
as carícias desta brisa
em extemporâneo verão.
flor sempre
de novembro antigo
e presente.
segunda-feira, 8 de novembro de 2021
O ladrão
Eu conheci um poeta
Em tempos que já lá vão
Que escrevia como meta
As dores do coração
Tinha a louca paixão
De dormir durante o dia
E à noite pisar o chão
Até sentir o que via.
Porém, certa madrugada
Cansado de tanto andar
Olhou a cidade encantada
Sem saber como a amar
Sentou-se frente ao rio
Olhando a outra margem
E sentiu um forte arrepio
Por ter a vida em paragem
Não esperou pela demora
Do sol que não aquecia
Levantou-se, foi-se embora
Vendo que a vida o não queria
Em casa acabou de entrar
Deitando-se p'ra descansar
Mas na cama à sua espera
Estava a morte p'ro levar
- Chegou agora tua hora
Procurei-te p'la noite fora
Já que de dia não te via
Chegou agora a tua hora
Este é o momento que seria
Se antes a noite fosse dia!
- Tens o desejo ancorado
No teu peito sempre fechado
Do coração não abres mão
Tão cerrado na escuridão
Por isso levo-te comigo
E ficarei sempre a teu lado
Num escudo bem apertado
Onde eu sou só um ladrão!
Em tempos que já lá vão
Que escrevia como meta
As dores do coração
Tinha a louca paixão
De dormir durante o dia
E à noite pisar o chão
Até sentir o que via.
Porém, certa madrugada
Cansado de tanto andar
Olhou a cidade encantada
Sem saber como a amar
Sentou-se frente ao rio
Olhando a outra margem
E sentiu um forte arrepio
Por ter a vida em paragem
Não esperou pela demora
Do sol que não aquecia
Levantou-se, foi-se embora
Vendo que a vida o não queria
Em casa acabou de entrar
Deitando-se p'ra descansar
Mas na cama à sua espera
Estava a morte p'ro levar
- Chegou agora tua hora
Procurei-te p'la noite fora
Já que de dia não te via
Chegou agora a tua hora
Este é o momento que seria
Se antes a noite fosse dia!
- Tens o desejo ancorado
No teu peito sempre fechado
Do coração não abres mão
Tão cerrado na escuridão
Por isso levo-te comigo
E ficarei sempre a teu lado
Num escudo bem apertado
Onde eu sou só um ladrão!
(coisas antigas -poema não datado)
segunda-feira, 1 de novembro de 2021
tesouros
já oiço o bater do meu coração,
onde antes, tão silencioso,
- que por ele não dei -,
nos anos em que me fez viver.
já oiço búzios plantados
nos ouvidos
de mares onde dantes navegava
e ventos cruzados
que me trazem os sons
de gritos passados
que nunca quis ouvir.
já respiro o ar de todas
as madrugadas,
e o silêncio de todos os arco-íris,
- no desejo plantado de te poder
abraçar -,
como da primeira vez,
em que o sol era um despertar
e a bruma se dissipava no teu olhar.
- já consigo ouvir-te, tocar-te, ver-te e
sonhar-te!
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