das horas escondidas?
porque vens embarcada nas
palavras
em vagas de luares?
já não há sombras quando me dizes "temos de falar".
oiço-te com búzios nos ouvidos
e sonhos no bolso.
deste teu mar, sem fim
acaba de chegar a carta inacabada
sem tempo, sem destino, sem sequer um adeus
como se o amor fosse uma praia deserta à espera do furacão
e todas as árvores se dobrassem
fustigadas
ao sabor das causas perdidas.
deixa-me o chamamento
que gostaria de te ler
ou dos teus desejos um balde de areia
para castelos meus poderes pisar.
brinco as sílabas no arranjo duma criança
para das formas fazer sentido
e construir com esse papel
um barco a navegar
inclinado ao sabor dos ventos
no lago que o há-de afundar.
já não quero embarcar.
toda essa viagem seria um destino
mais sombrio que as profundezas do mar.
todas as emoções seriam gelo derretido nas calotes polares.
nada sentiria, nem mesmo o meu próprio respirar.
manda-me outra carta para eu aprender-te a amar...
LM_19.abr.2018