a roer madrugadas
quando o rio
quando o rio
enlouquece
por falta de oxigénio.
desce a cidade
desce a cidade
sobre escombros
de solidão
onde a noite
onde a noite
fria
não foi mais
que uma prisão.
e tu caminhas
entre estrelas
e tu caminhas
entre estrelas
como se a luz
distante
te lembrasse
que há um futuro
inatingível
perdido nos bolsos
perdido nos bolsos
vazios.
às tuas mãos
prendem-se memórias
caminhas ou é a estrada
às tuas mãos
prendem-se memórias
dum tempo esquecido e
dos calos antigos
as gretas são a tua estória
feita de angústia
porque a noite
as gretas são a tua estória
feita de angústia
porque a noite
ao teu encontro
também caminha
e tu não sabes
também caminha
e tu não sabes
onde te leva
tão escuro encontro.
mas tu caminhas
ainda
por sobre pedras
por entre feras
que ameaçam
que ferem
se não correres
mas tu caminhas
ainda
por sobre pedras
por entre feras
que ameaçam
que ferem
se não correres
para fora delas.
são tão estreitas
são tão estreitas
as tuas margens
que o rio
que sonhas ser
corre na violência
corre na violência
de alma negra
dum precipício
dum precipício
a querer te ter.
e tu caminhas
mesmo sabendo do
e tu caminhas
mesmo sabendo do
não-retorno
na mesma estrada
na mesma estrada
onde nasceste
e nela cresceste
e só ela conheceste.
e nela cresceste
e só ela conheceste.
caminhas ou é a estrada
que te caminha?
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