“Ou escreves algo que valha a pena ler ou fazes algo acerca do qual valha a pena escrever.” | Benjamin Franklin

sábado, 11 de setembro de 2021

retalhos de vida

 A tarde a chagar ao fim sem, antes, não aproveitar os últimos raios de sol para, "esplanadar" um pouco e beber umas " imperiais". 

Tantas eram as mesas cheias de gente que esperei um pouco para disponibizarem mais.

Á chegada, distribui cumprimentos, em especial a uma velha amiga, a Carla, e falamos dos filhos (filhas) e da saudade do Mário, que à muito nos deixou: seis anos.

Qual não foi o meu espanto quando, na mesa em frente, depois de me sentar, vi a d. Maria José, mãe do Mário, de 93 anos, a comer um gelado.

Parecia mais pequena, mais solitária, mais triste. Estava tão bela que a sua branca cabeleira era as únicas nuvens no horizonte.

Fui ter com ela e disse-lhe que tinha estado a falar do filho (único) e da falta que nos fazia.

O Mário tinha sido piloto de hélis durante a guerra colonial, em Moçambique, e era dele a expressão "zigarolho", a máquina que pilotou.

Com a imensa bebida ingerida, no meio de dois casamentos falhados, lá deu cabo de dois fígados, um transplante, e uma vida de bagaço, logo pela manhã, até adormecer ou esquecer-se do caminho para casa.

Dei-lhe um beijinho e disse-lhe que ele deveria estar a olhar para nós, pela coincidência de ter estado a falar dele, com saudade.

Comovi-a e, no meio de recordações, disse-me que não sabia o que andava cá a fazer, - embora a sua casa tenha sido visitada pela Segurança Social e terem ficado admirados pela limpeza e actividade da sua longa idade, sozinha -, pois ainda agora tinha morrido um homem bom, quase da sua idade, o dr. Jorge Sampaio.

Disse-lhe que alguma razão haveria de haver...para cá continuar.




1 comentário:

  1. Encontros que valem a pena, pois levam a recordações de pessoas que foram amigas e referências. Gostei deste teu "retalho".
    Continuem a cuidar-se bem.
    Uma boa semana.
    Um beijo.

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