e no sonho, o choro
por teu choro largado.
mas acordado
sorris
aqui ao meu lado.
"Cada segredo da alma de um escritor, cada experiência de sua vida, cada qualidade de sua mente está escrito em suas obras." - Virgínia Woolf.
A tarde a chagar ao fim sem, antes, não aproveitar os últimos raios de sol para, "esplanadar" um pouco e beber umas " imperiais".
Tantas eram as mesas cheias de gente que esperei um pouco para disponibizarem mais.
Á chegada, distribui cumprimentos, em especial a uma velha amiga, a Carla, e falamos dos filhos (filhas) e da saudade do Mário, que à muito nos deixou: seis anos.
Qual não foi o meu espanto quando, na mesa em frente, depois de me sentar, vi a d. Maria José, mãe do Mário, de 93 anos, a comer um gelado.
Parecia mais pequena, mais solitária, mais triste. Estava tão bela que a sua branca cabeleira era as únicas nuvens no horizonte.
Fui ter com ela e disse-lhe que tinha estado a falar do filho (único) e da falta que nos fazia.
O Mário tinha sido piloto de hélis durante a guerra colonial, em Moçambique, e era dele a expressão "zigarolho", a máquina que pilotou.
Com a imensa bebida ingerida, no meio de dois casamentos falhados, lá deu cabo de dois fígados, um transplante, e uma vida de bagaço, logo pela manhã, até adormecer ou esquecer-se do caminho para casa.
Dei-lhe um beijinho e disse-lhe que ele deveria estar a olhar para nós, pela coincidência de ter estado a falar dele, com saudade.
Comovi-a e, no meio de recordações, disse-me que não sabia o que andava cá a fazer, - embora a sua casa tenha sido visitada pela Segurança Social e terem ficado admirados pela limpeza e actividade da sua longa idade, sozinha -, pois ainda agora tinha morrido um homem bom, quase da sua idade, o dr. Jorge Sampaio.
Disse-lhe que alguma razão haveria de haver...para cá continuar.
hoje é o meu dia.
vou pensar em tudo para não pensar em nada.
meu grito do ipiranga foi há muito libertado.
tudo fechado a sete chaves.
- hoje é o meu dia
a ti o dedico!