e no sonho, o choro
por teu choro largado.
mas acordado
sorris
aqui ao meu lado.
A tarde a chagar ao fim sem, antes, não aproveitar os últimos raios de sol para, "esplanadar" um pouco e beber umas " imperiais".
Tantas eram as mesas cheias de gente que esperei um pouco para disponibizarem mais.
Á chegada, distribui cumprimentos, em especial a uma velha amiga, a Carla, e falamos dos filhos (filhas) e da saudade do Mário, que à muito nos deixou: seis anos.
Qual não foi o meu espanto quando, na mesa em frente, depois de me sentar, vi a d. Maria José, mãe do Mário, de 93 anos, a comer um gelado.
Parecia mais pequena, mais solitária, mais triste. Estava tão bela que a sua branca cabeleira era as únicas nuvens no horizonte.
Fui ter com ela e disse-lhe que tinha estado a falar do filho (único) e da falta que nos fazia.
O Mário tinha sido piloto de hélis durante a guerra colonial, em Moçambique, e era dele a expressão "zigarolho", a máquina que pilotou.
Com a imensa bebida ingerida, no meio de dois casamentos falhados, lá deu cabo de dois fígados, um transplante, e uma vida de bagaço, logo pela manhã, até adormecer ou esquecer-se do caminho para casa.
Dei-lhe um beijinho e disse-lhe que ele deveria estar a olhar para nós, pela coincidência de ter estado a falar dele, com saudade.
Comovi-a e, no meio de recordações, disse-me que não sabia o que andava cá a fazer, - embora a sua casa tenha sido visitada pela Segurança Social e terem ficado admirados pela limpeza e actividade da sua longa idade, sozinha -, pois ainda agora tinha morrido um homem bom, quase da sua idade, o dr. Jorge Sampaio.
Disse-lhe que alguma razão haveria de haver...para cá continuar.
hoje é o meu dia.
vou pensar em tudo para não pensar em nada.
meu grito do ipiranga foi há muito libertado.
tudo fechado a sete chaves.
- hoje é o meu dia
a ti o dedico!