“Ou escreves algo que valha a pena ler ou fazes algo acerca do qual valha a pena escrever.” | Benjamin Franklin

domingo, 27 de fevereiro de 2022

as rosas negras

 


foto net


reeditado de 2016

Estas eram as palavras ditas a propósito do perigo em que o Mundo caminhava para o que hoje parece uma situação real.

O artigo então publicado nos jornais, num tempo em que não se deu a atenção devida, vem chamar-nos a atenção de que este mesmo Mundo é um sítio perigoso demais para estarmos descansados.

Tudo parece mais cinzento no espírito de quem nos governa e decide. Falam e agem com ódio, com rancor, com um sentido auto-destrutivo.

De agressão em agressão, de escalada em escalada, de provocação em provocação, de perda de Razão por parte de todos, isto não pára se não houver uma humana certeza: ninguém escapará, se a Paz não for construída, se o Poder não ceder à tentação de subjugar, de conquistar, de explorar, de humilhar um outro Ser.

Todos temos direito à Vida. Todos temos direito à Paz. Todos temos direito à Segurança e ao Pão. TODOS. Todos e cada Um.




"O vosso público, por sua vez, não tem a sensação do perigo iminente - é isso que me preocupa. Como não compreendem que o mundo está a ser puxado numa direção irreversível? Enquanto eles [a maior parte do establishment político-militar ocidental] fazem crer que não se passa nada. Já não sei como hei-de comunicar convosco".

Vladimir Putin



"Estou preocupado, muito preocupado, com que estejamos a caminhar como sonâmbulos para qualquer coisa de absolutamente catastrófico".

Sir Richard Shirreff

....

Deixo-vos o Poema que espero sejam só palavras perdidas ao vento. Palavras nunca nascidas e nunca terem sido
algum dia sequer pensadas e aqui vertidas:




as rosas de todas as hiroshimas

sangram as rosas negras
da madrugada
asas de corvos em sombras 
estendidas
- planície 
do nosso descontentamento -

verdes àguas paradas, 
entre margens 
assombradas, 
nas florestas petrificadas.

confunde-se o tom da 
superfície 
com prados enriquecidos
e a ponte é uma passagem 
para o céu 
de outra miragem

o horizonte é um manto 
funebre 
de tempestade.

ouve-se ao longe 
o mar 
num cadênciado 
martelar
e a maresia 
traz um gosto 
a lágrimas de sal
... no vento nuclear.

já não há como evitar 
tão densa noite
onde seria dia...

nem um só pássaro 
sobrevoa 
as escarpas do além
e este rugido 
do interior da terra
ouve-se intensamente
na revoltada planície
como um grito de dor.

não mais crescerá 
uma só flor.

tacteio essas sombras 
com mãos caídas
pela áspera rocha 
vertida 
na paisagem e na sombra 
projectada.

há pombas brancas 
agarradas e
cinzas e pó 
de extintas manadas.

manchas de musgo 
e répteis 
traçam pinturas rupestres
- natureza morta 
da vida 
volatilizada.

meus olhos 
já pouco enxergam
mas ainda vêem 
os minutos finais
do planeta Terra e
a loucura dos homens
com as suas bombas 
de auto-destruição.

lmc

1 comentário:

  1. "O horizonte é um manto fúnebre de tempestade". Tão belo quanto inquietante o teu poema. Ninguém ignora que os "senhores do mundo" são, ao mesmo tempo, os "senhores da guerra". Mas os ucranianos não desejaram nem merecem o que lhes está a acontecer só porque a ganância de poder move um homem. A minha solidariedade para com o povo ucraniano.
    Desejo que estejas bem assim como a tua família.
    Uma boa semana.
    Um beijo.

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