"Cada segredo da alma de um escritor, cada experiência de sua vida, cada qualidade de sua mente está escrito em suas obras." - Virgínia Woolf.
sexta-feira, 25 de dezembro de 2020
Natal
sexta-feira, 11 de dezembro de 2020
Uma rosa vermelha
Tirai os olhos de mim
Senhora
Que eu tal não mereci.
Os olhos pousados em mim
Senhora
São dignos doutro delfim.
Olhai, Senhora, este meu fim
Que olhos de Vós não vi
Quando de Vossos olhos morri.
Agora, dai-me uma rosa vermelha
Senhora
Pousada em meu frio peito
Como lábios Vossos colados
No Amor que foi meu leito.
quarta-feira, 9 de dezembro de 2020
O menino que sonhava mar
terça-feira, 24 de novembro de 2020
As palavras secretas do teu nome
domingo, 22 de novembro de 2020
a sombra do destino
terça-feira, 10 de novembro de 2020
amar, amar
quinta-feira, 5 de novembro de 2020
dos lábios
e os
olhares
apagados
das
paixões
é
mais do que
visões
mais
que as monções
meu
rio de saudade
antiga
desprendida
ainda
mais que água
derretida
rasto
de sede sentida
aos
lábios gretados
em fim de deserto
do
meu mais longo sonho
e
aquele prazer
tão
esquecido
agora
lento e desmerecido
ainda
assim
um
eterno sabor
dos teus lábios
em flor.
terça-feira, 3 de novembro de 2020
tatuagem
segunda-feira, 26 de outubro de 2020
a viagem
Por ela caminham os sonhos
que à partida eram desejos.
Faz-se o caminho sem reter o olhar
só com o imaginário no destino final.
Assim,
perde-se o momento irrepetível
rápidamente passar e, por fim, chegar.
fruto-semente
caído
ao pé do tronco
crescido
e o aroma da terra molhada.
e a semente
será
gestação
na doçura do ventre.
domingo, 25 de outubro de 2020
As plantas
Quando vier a primavera irei ver o verde das plantas e a sua sabedoria. Maior que a minha.
Quando chegar a primavera as nuvens brancas e os oceanos azuis farão parte da vida das plantas.
Sem plantas, eu jamais teria vida. Mas para elas, a minha espécie só prejudicará a vida delas.
sexta-feira, 23 de outubro de 2020
perdão
Poderá a vida ser repetida
onde tanto de nosso foi vivido
simplesmente adormecida
num amor já tão crescido?
Poderá ser nosso outro começo
para desta vez haver algo diferente
e das nossas sinas um outro terço
rezado em dias que mais mereço?
Esse perdão que queria adquirir
peço-te agora por não saber
se outro tempo a nós há-de vir.
Deixa-me dizer-te o quanto de meu
este remorso tem razão de ser
segunda-feira, 19 de outubro de 2020
Baile da solidão
Eh, fadista deste
fado de bela vista
Tens a glória deste
momento na velha pista
E no andar e no
falar, estás p’ra amar
És um ‘pintas’ no
gesto e no trajar,
Em boas fintas
rodeias tudo com o olhar
Sentes o corpo em palavras a sussurrar.
Eh, fadista marialva
feito Midas
Faroleias as viúvas
mais queridas
Cantas estrofes de
tabernas e cafés
Conversas de tretas
e parlapiés.
E a troco de nada
debitas lamirés.
Pois é, fazes-te à vida, alma ferida.
Pesam-te os anos e
os enganos,
E a brilhantina
escorre os cabelos
Já grisalhos, mas
bom de vê-los
Calças de ‘jeanes’,
camisa às cores
Dum amarelo berrante
de dores
Um lenço preto
escorrido e com flores
Sapatos rasos e
deslizantes de alto brilho
E no pescoço, pouco
escondido, dourado fio
Como o relógio, a
bracelete e a pulseira
Dão à figura um
marialva de cabeleira.
Fins-de-semana nas danças de salão
Espalhadas um pouco
por toda a parte
Esse condão
‘engatatão´ da tua arte
Encobrindo
palidamente a solidão.
Solto o salão aí vais tu dando uma mão
Lanças amores, pedes
favores, apertas dores
Puxas pró tango
várias estampas
De outros tempos e
outras pampas
Ora dançantes, ora
sentadas e alinhadas
O rouge intenso e báton vivo põe-nas coradas.
És bailarino, exímio, na escola de outras eras
Onde as horas não
eram de tantas esperas
Ficou-te o ‘bicho’
enraizado dum pé de dança
Em qualquer baile,
ou mera festa, desde criança
Mas esqueceste que tudo é feito de mudança
E agora trazes nos
olhos a já pouca esperança.
Dás a perninha em qualquer baile
Rasgando o espaço
desse cansaço
Saltas sem rede e
avanças a cada passo
És uma estrada
escura sem qualquer raill .
Nos intervalos bebes geladas umas ‘begecas’
E até pensas que vai
ser fácil dar umas ‘quecas’
Lembras as noites e
os bailaricos de S. João
O vinho verde a
madurar sardinha e pão.
As matinés, já não em boites ou cabarés,
São estas voltas uma
constante troca de pés.
Repimpas firme uma
silhueta de juventude
Lembrando os verdes
anos muito amiúde
Na música ao vivo, soalho antigo, e já comido
E o jantar fica
perdido e ouvido algo entupido.
Lá dás o corpo ao
manifesto e sem protesto
És suave sombra a
envolver o corpo delas
Mas ao deitar é que
são elas.
Perdes as velas.
Dói-te a alma, os
cansados pés e as costelas
Vês-te em alto-mar,
num barco a naufragar
Sempre picado, sem
sentinelas p’ra te acordar
Os pesadelos,
tristes flagelos, dormem contigo
Feito peão deste
destino bem à medida da solidão.
E, mais uma vez, dormes sozinho, como um mendigo …
como um rio
Nos rios doces dos teus beijos
Há desejos
E as águas límpidas correm serenas
No meu peito.
Já não sei onde os pássaros
Vão poisar.
Talvez o seu ninho tenham feito
E de la' vejam o meu mundo
A seu jeito.
Mas eu sei que tanto voo
Tem um fim.
Tanto sangue a correr dentro
De mim
Há-de ser um caminho
Ao descanso no teu ninho.
quinta-feira, 15 de outubro de 2020
o anzol
Foi total o espanto
encontrado nos olhos dos peixes e das suas bocas famintas. Tinha sido decretada
a obrigação de descarregarem uma aplicação que, ate' agora era oferecida,
para quem a quisesse usar. Parecia um isco para juntar o cardume. Mas, agora,
como iriam comer sem evitar tão falsa refeição e sem denunciar quantos eram e
onde cada um se localizava?
-"Simples", disse o maioral
lá do sítio, reunido que fora uma assembleia para discutir tal determinação:
- " Vamos todos
nadar 'a volta do anzol até esgotar a energia e provocar um remoinho tão grande que há-de aparecer
alguém para tentar compreender esta confusão. Depois atiramos-lhe com o anzol.
Talvez tenhamos a sorte de comer!"
terça-feira, 13 de outubro de 2020
o amor
em tanto mar...
o despertar
a um olhar
a onda que vem
a onda que se tem.
o amor
num mundo de desdém...
e o cansaço
tanto, o cansaço
que asfixia
no desejado abraço...
mas o sonho
é isso
no rosto duma criança.
além do mais
em recompensa
ou certeza
num amanhã que
fará diferença
pelo bater da poesia.
segunda-feira, 12 de outubro de 2020
das margens da solidão
e o cigarro descaído no canto da boca.
'a espera da chuva para construir uma canção.
todos os mares reflectiam-se no olhar opaco
e a voz remendava-se de farrapos velhos.
sentou-se na margem do rio, de costas voltadas
cansado da solidão, mergulhou nas águas
para ouvir melhor o inédito sermão.
sexta-feira, 25 de setembro de 2020
fragmentos
fragmentos
parcos e dispersos a
rodearem os velhos caminhos e a
memória
dos nomes de quem já nem nome tem
diluída
no pó dos carinhos.
só as folhas secas
e os arbustos perdidos
se lembram dos ventos
em barreiras de esquecimento.
rostos
lugares, sorrisos
desvanecem-se e
vão
para além da vontade
na recordação
de quem se quer lembrar
em vão.
e estes momentos
lúcidos
são dor e sofrimento.
quinta-feira, 24 de setembro de 2020
sexta-feira, 11 de setembro de 2020
a flor
por mais que olhasse, dele nunca me ceguei.
quarta-feira, 12 de agosto de 2020
minha voz corrente
Um dia, meu irmão, hei-de
Meu arrepio de pele